quarta-feira, 8 de junho de 2011


E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas,
Passado, presente,
Participo sendo o mistério do planeta.

sábado, 4 de junho de 2011

UMES: Um pouco de História contada por quem entende bem!

UMES: 48 anos de luta e 13 anos de reconstrução: E ainda tem gente que diz que isso é coisa de criança...

* Por André Gomes


“UMES – União Mariliense dos Estudantes Secundaristas: Fundada no Outono de 1963 e reconstruída na Primavera de 1998”, essa frase compunha o logotipo da UMES em sua gestão de reconstrução em 1998. Ela foi formulada pelo então presidente eleito, Antonio Alexandre Banstarck que era uma grande liderança do movimento estudantil secundarista, na ocasião ele presidia do Grêmio do Cefam, que era um dos mais atuantes da época e, também, foi ele praticamente o fundador da UJS em Marília. Eu tive o privilégio de fazer parte desta gestão de reconstrução (sendo secretário geral), era também presidente do Grêmio do Oracina, outro grêmio tradicional que depois de mim continuou a revelar lideranças.

Na época, além das tarefas corriqueiras da entidade – construir grêmios nas escolas, visitar os que já existem, construir campanhas, passeatas... – nós dedicávamos parte do nosso tempo em pesquisar a Historia da UMES. Levantamos jornais da década de 60 em diante, procuramos ex-dirigentes, fizemos entrevistas, enfim, acumulamos uma série de dados sobre a trajetória da entidade. Para o nosso orgulho descobrimos que ela nasceu um ano antes do golpe civil-militar de 1964 e que não se omitiu mesmo depois do golpe, lutando dentro de suas possibilidades contra a ditadura.

Conta o companheiro Otacílio Costa, que na década de 70 ele ajudava nas panfletagens da UMES, que eram clandestinas devido à perseguição do regime autoritário, nessa época com muita dificuldade a UMES mantinha sua sede na Rua Nove de Julho quase em frente ao terminal urbano, prédio onde hoje funciona uma gráfica. Ela se desarticulou no período seqüente, foi timidamente reorganizada na década de 80, mais logo se desarticulou de novo. Em 1998 onde hoje funciona o Ceesma realizou-se o Congresso de Reconstrução da UMES e, desde então, já são 13 anos de trajetória ininterrupta.

Lembro-me que em 2001, quando a UMES era presidida pelo estudante Luis Eduardo (conhecido como Pit), na calada da noite o então Prefeito Abelardo Camarinha, que hoje posa de amigo dos movimentos sociais, baixou um decreto acabando com a integração no sistema de transporte coletivo municipal, ou seja, os usuários pagariam uma passagem em cada ônibus que se utilizassem. Rapidamente a diretoria da entidade se reuniu e decidiu convocar para o outro dia uma passeata. Outros companheiros e eu - que já não éramos mais da UMES e, a essa altura, já estávamos mais experientes- opinamos que eles deviam soltar um panfleto denunciando a medida autoritária e convocando a passeata mais a frente para ganhar tempo para uma mobilização melhor. Felizmente eles não nos ouviram, prevaleceu à disposição de luta deles e de forma relâmpago realizaram uma grande passeata que terminou vitoriosa. Lembro-me, com se fosse hoje, o Prefeito Camarinha recebeu uma comissão de estudantes e, a contragosto, anunciou de forma demagógica: “Entre os estudantes e a circular, fico com os estudantes, estou revogando agora este decreto!”. A cidade de Marília deve a manutenção da integração dos ônibus no terminal urbano à ousadia e a combatividade dos estudantes. Assim como hoje, os editoriais da maioria dos jornais da época malhavam a entidade e os estudantes, taxando-os de baderneiros e coisas deste tipo, disse a eles naquele momento “Vocês estão fazendo História e a História os absolverá!” e, de fato, absolveu.

Diria a esta geração, que surge com força trazendo a UMES e os estudantes com tudo de volta ao cenário municipal, que sigam em frente e não se preocupem que toda vez que a indignação ganha as ruas, os conservadores de plantão ficam temerosos. Todo mundo reclama bastante, mas são os estudantes que vão as ruas. Vocês tem sido a vanguarda, têm sempre saído à frente, me dói os olhos ler a nota da Empresa Circular chamando essas legitimas lideranças estudantis de agitadores profissionais. Profissionais são aqueles especialistas em burlar legislação e ganhar as licitações públicas de concessão de serviço público. Já que os homens de terno e gravata não tomam providências, os meninos e meninas vão as ruas com suas faixas de papel, seus megafones e sua disposição de luta e continuam a fazer História.

Aos estudantes aplausos! Exceto o caso isolado que, num momento de indignação, atirou uma pedra e, provavelmente, contra a sua vontade acertou um senhor que, assim como ele, usufrui do péssimo serviço prestado pela Empresa Circular - e os idosos que andam de ônibus sabem do que estou falando – mas, ainda assim, esse caso merece o nosso repúdio. E ao teatro demagógico da Empresa Circular que até Greve já incentivou para aumentar a tarifa, as nossas vaias.

Aos 30 anos de idade e já pai de uma linda menina, que espero que em alguns anos possa freqüentar as passeatas da UMES, retomo o secundarista que ainda hoje há em mim e mais uma vez me junto ao coro dos estudantes: “Licitação transparente já!” e “Fora Circular!”. Longa vida à União Mariliense dos Estudantes Secundaristas.


* André Gomes foi Secretário geral da gestão de reconstrução da UMES, vice-presidente regional e tesoureiro geral da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES). Atualmente é estudante de graduação em Ciências Sociais pela UNESP, dirigente estadual e presidente municipal do PCdoB em Marília e secretário nacional de formação da Nação Hip-Hop Brasil.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Vestibular, Redação.

O Vestibular, ferramenta do processo seletivo das universidades, que coloca em avaliação o estudante, testando, o mesmo, se está qualificado, ou não, para o seu curso superior. Com tudo, o vestibular, ainda é uma “catraca invisível”.

Entendemos por “catraca” uma forma de controlar entrada e saída, organizando-as ou impedindo-as; fica claro a relação simbólica entre a catraca e o vestibular. Essa “prova” não deixa de ser um processo de verificação de competência entre o estudante e a universidade, mas será que todos tiveram a mesma base de aprendizagem?

A situação do ensino público não se “mede” com os altos índices do ensino privado, a questão é todos estão preparados igualmente para prestar o mesmo vestibular. O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) mostra outra perspectiva de vestibular. Com conhecimentos do ensino médio, o aluno, pode entrar em uma universidade federal ou ter uma bolsa paga pelo Prouni, em uma Universidade Privada. Vemos muitos problemas com isso, apesar de não ser o tradicional “decoreba”, o Enem, é pouco usado nas universidades e o ensino privado não é o que os estudantes realmente querem.

O pragmatismo de: “deixar a deriva” dos nossos governantes, em não construir vagas para todos os estudantes nas universidades públicas e não melhorar o ensino básico (fundamental e médio) investindo diretamente, ainda faz do Brasil um País de 3° mundo.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

João Amazonas, a referência necessária


“… no Partido reside o fator determinante dos sucessos
ou dos fracassos da revolução e da edificação socialista”.

JOÃO AMAZONAS

Nesses tempos novos, no Brasil e no mundo, novos e, portanto, desafiantes para quem trilha o caminho da transformação social, lembro-me frequentemente de João Amazonas, o construtor e o principal ideólogo do PCdoB, nascido em 1o de janeiro de 1912, em Belém do Pará. Teria completado 98 anos, mas viveu 90, 67 dos quais dedicados à luta pelo socialismo em nosso País. De 1962 a 2001, foi o dirigente principal do PCdoB. Vasta, portanto, sua experiência. E vasto e fecundo o pensamento que desenvolveu, persistente e agudo, até o fim da vida.

Diante desses tempos novos, das singularidades da luta pelo socialismo e por sua construção no mundo contemporâneo, poderíamos recolher de João Amazonas reflexões em diversos campos da atividade revolucionária. Opto por uma, cuja centralidade me parece atualíssima tanto para os comunistas, como para os que almejam a construção de uma sociedade socialista em nosso País. Refiro-me ao meio que tornará possível a conquista dessa nova ordem entre nós, ou seja, o partido revolucionário, os homens e mulheres que, nas palavras de Engels, “serão os únicos a possuir força e vontade para chamar à vida esta sociedade nova e melhor”.

Amazonas tratou disso no texto “Força decisiva da revolução e da construção do socialismo”, escrito em 1996. Eram os tempos miseráveis da década neoliberal no Brasil e a poeira do muro de Berlin ainda sufocava mentes e abalava convicções. Ao aprofundar seu exame sobre a derrota do socialismo no Leste europeu (iniciado quatro anos antes, no processo do VIII Congresso do PCdoB), Amazonas focou a questão crucial do partido como intérprete e condutor das mudanças. Não qualquer partido, mas um dotado das “qualidades indispensáveis ao cumprimento de sua missão histórica”. E citou o conselho de Marx e Engels aos dirigentes comunistas alemães: “Pactuai acordos para alcançar objetivos práticos do movimento, mas não trafiqueis com os princípios, não realizeis ‘concessões’ teóricas”.

Com Lênin

Amazonas situa Lênin como “quem, pela primeira vez, desenvolveu a teoria do partido como organização dirigente da classe operária e como instrumento insubstituível à vitória da revolução social”. O dirigente bolchevique, prossegue Amazonas, “sustentou a idéia do partido de princípios, marxista, que atua em todas as lutas dos trabalhadores e do povo, mantendo sempre sua feição revolucionária”. Na visão leninista, que Amazonas defende, “o partido deveria ser organização de vanguarda, uma vez que somente uma parte da sociedade, e mesmo da classe operária, tem condições de compreender em profundidade o processo da transformação histórica”. Em outras palavras: “O partido não é uma organização de frente única, na qual cabem diversas correntes em pugna por objetivos imediatos”.

Ao analisar as circunstâncias da derrota socialista na então URSS e no Leste da Europa, Amazonas afirma: “Indubitavelmente, o PCUS degenerou. A derrota do socialismo começou precisamente com a degenração dessa organização de vanguarda. Ainda no tempo de Stálin já apareciam sérios indícios. O PCUS burocratizava-se, desligava-se da classe operária e das amplas massas populares, caía na rotina e no formalismo, estimulava a fé supersticiosa nos dirigentes (…). Muitos quadros faziam ‘carreira’ no partido, visando a interesses pessoais”.

Para Amazonas, “socialismo e partido são inseparáveis. Apareceram juntos e caminharam juntos no histórico cenário dos entrechoques de classes”. Assim, “é impossível mudar o regime econômico e social sem ter como suporte fundamental uma organização de vanguarda”. E prossegue: “Para vencer, [o partido] precisa situar-se ideologica e politicamente no campo do proletariado, não apenas na fase da revolução, mas durante todo o período de transição, até a passagem ao comunismo, abrindo caminhos novos à transformação da sociedade”.

“Os fracassos originam-se, em última instância, das posições de conciliação de classes, das ilusões pequeno-burguesas de que se pode triunfar nos marcos do regime capitalista, ou realizar as mudanças históricas adaptando-se às normas e ao estilo de vida burgueses”. Mas adverte: “A luta de classes não pode ser enfrentada de maneira mecânica, sectária. O proletariado luta em todos os terrenos, utilizando as contradições existentes no campo adversário, defendendo as conquistas sociais, as liberdades democráticas, avançando passo a passo na estradaque conduz à revolução e o socialismo”.

Por todas essas razões, Amazonas conclui: “Cuidar do Partido para podermos dizer, como Lênin, do Partido bolchevique: ‘Nele temos fé, nele vemos a inteligência, a honra e a consciência de nossa época”.

Não se poderia pensar em outro modo de homenagear o velho dirigiente comunista, em seu 98o aniversário de nascimento, senão focando e difundindo as férteis reflexões que produziu e que se projetam para iluminar a contemporaneidade da luta revolucionária em nosso País.

Por Luiz Manfredini - Jornalista e escritor paranaense, autor de “As moças de Minas” e “Memória de Neblina”.